França
Nicoly, 21 anos, cursa o 4º ano de Jornalismo da UEPG e, atualmente, é
presidente do Centro Acadêmico João do Rio (Cajor). Em entrevista exclusiva ao Correspondente
da Semana, Nicoly fala dos desafios de se realizar a Semana de Resistência,
que, nesta 10ª edição, aborda o tema “Democratização da Mídia”.
Nicoly possui uma aprovação de 98% dos estudantes, segundos pesquisas recentes.
Correspondente
da Semana: Vemos que a Semana da Resistência tem um tema bem
presente e atual. Como foi a escolha do
tema?
Nicoly
França: O tema da Semana da Resistência é sempre discutido nas
reuniões do CAJOR. A gente sempre pensa num tema atual, de interesse público e
de interesse dos alunos principalmente.
Correspondente:
E
os palestrantes?
NF:
A
partir do momento que a gente define o tema, é o momento de correr atrás dos
palestrantes. Foi o que a gente fez no começo deste ano. A gente começou a
procurar movimentos que tratavam desta questão da mídia democrática, movimentos
em prol da Lei da Mídia Democrática e realizamos os contatos. Por exemplo, nas
reuniões do CAJOR, a gente dividia quem ia atrás de cada palestrante, assim
como dos oficineiros. As oficinas não são relacionadas diretamente ao tema da
Semana, mas elas são atividades paralelas que também é de total interesse dos
alunos.
Correspondente:
Desde
a primeira semana da resistência da qual você participou, como ouvinte ou
ajudante, o que mudou até agora?
NF: Sou
suspeita para falar, dizer que agora avançou com a nossa gestão. Mas acho que ela sempre tem que envolver muita
participação dos alunos, tanto na participação da organização, que envolve
muito trabalho, quanto no incentivo à participação dos estudantes para se
inscrever, para participar das palestras. Que eu me lembre, parece que, no
primeiro ano [do Curso de Jornalismo], não era tão grande a participação dos
alunos. No ano passado e esse ano, parece que a participação está bem grande.
Neste ano, por exemplo, a gente teve com oficinas e palestras mais ou menos uns
100 inscritos. É um número grande. Acho
que o tema é essencial nisso. Se é um tema que os alunos se identificam, que
chama atenção, e se as oficinas também... A gente quis focar muito nisso, fazer
mais oficinas. Oficinas é um momento mais prático, em que o aluno às vezes aprende
algo que ele quer saber na prática, mas é além da sala de aula.
Correspondente:
Neste
ano, não houve o apoio da Fundação Araucária. Por que isso ocorreu?
NF: A
Fundação Araucária é uma entidade que financia eventos e outras atividades
científicas. Desde ano passado, a Fundação Araucária de repente não abriu mais
editais, tanto que o pessoal do Mestrado em Jornalismo fez uma moção de repúdio porque não teve
edital nenhum. Alguns eventos do curso, não só dos estudantes, também
precisavam desse auxílio e não teve. A gente tinha duas opções: ou a gente
desistia de fazer o evento, falar “ah não vamos ter grana não vamos fazer”, ou
a gente corria atrás de outras formas de conseguir dinheiro.
Correspondente:
Então,
como foi a preparação da Semana sem essa ajuda de custo?
NF: Foi
bem difícil mesmo porque os gastos são muitos. Por exemplo, tem palestrante de
Brasília, do Rio de Janeiro, São Paulo que precisa de passagem aérea e isso é caro, além da diária.
E oficineiros mesmo, às vezes tem gente de Curitiba, outros palestrantes, tudo
isso é muito dinheiro. A gente foi atrás, por exemplo, do Sindicato dos
Jornalistas, que tem interesse com o tema, também com o Andes, com o SindiUEPG,
que também lutam por isso. Não foi fácil. Ainda bem que a gente conseguiu cobrir
os gastos.
Correspondente:
Semana
que vem, temos a eleição para reitor. Como você está avaliando as chapas?
NF: A
gente fez o debate [entre os candidatos]. Foi um momento bem importante para
esclarecer algumas dúvidas, trazer o ponto de vista de todos os candidatos.
Acho que deu uma dinâmica boa para o pessoal do curso se identificar mesmo com
as chapas. A gente como entidade, o Centro Acadêmico, não apoia nenhuma chapa. A gente acredita que
o Centro Acadêmico não tem essa função, não tem o porquê apoiar uma chapa ou
deixar de apoiar outra. Então a gente deixou bem livre que cada estudante do
CAJOR podia apoiar a chapa que quisesse. A gente acha que uma entidade como o
CAJOR não deve entrar nessa questão de apoiar uma chapa ou outra.
Correspondente:
Algum
dos candidatos à Reitoria se interessou a participar da Semana da Resistência?
NF: A gente mandou convite no
facebook, mas ninguém se pronunciou, tanto que a gente chegou a pensar em fazer
na Rádio Resistência uma fala deles, de todos os candidatos, alguma coisa
assim, chamar para falar, mas a gente pensou que não é o momento. Melhor não
envolver um tema interno com política da Universidade, bem neutro.
Correspondente:
Como presidente do Centro Acadêmico e está no último ano da graduação, você tem
alguma coisa que você quer fazer antes de passar a gestão?
NF: Acho
que a gente conseguiu fazer bastante nesse ano. Ano passado, a gente conseguiu
um diálogo bem aberto, tanto que a gente sente que a gente tem uma
representatividade grande, tanto em reuniões do Colegiado, como do
Departamento, na questão da reforma curricular, que foi bem importante. Normalmente,
a Semana da Resistência é em maio, um mês antes das eleições [CAJOR).
Então, ela vem para fechar com chave de ouro mesmo. Para mim, a Semana vai ser
meio que um, não vou dizer despedida, mas um feito essencial que eu realmente
queria ter feito e a gente conseguiu. A gente, digo a gestão mesmo, porque o
pessoal se empenhou bastante. A gente já conseguiu fazer também foi trazer as
reivindicações dos alunos tanto em nível do Departamento, quanto em nível de
Universidade, reitoria, sobre laboratório de tele, mas a semana vai fechar com
chave de ouro. Fora isso, tentar deixar um caixa positivo porque é muito
complicado para o Centro Acadêmico. Ela é uma entidade sem fins lucrativos e
tem despesas fixas, a gente paga 50 reais para a TV Comunitária todo mês, para
os alunos poderem usar e não é sempre que a gente tem dinheiro. A gente tem que
fazer evento, tem que fazer rifa, tem que correr atrás, fazer palestras, fazer
coisas básicas para arrecadar dinheiro. Acho que o que eu queria fazer mesmo é
encerrar essa semana com chave de ouro e deixar um caixa positivo para a
próxima gestão, para não precisar começar do zero.
Correspondente:
O
que agregou na sua bagagem acadêmica ser presidente do CAJOR?
NF: Sempre
gostei dessas coisas, me envolver na universidade. Acho que é um jeito de ir
além da sala de aula e tentar fazer alguma diferença. Quem está no Centro
Acadêmico é porque gosta mesmo, porque você não vai ganhar nada, você vai ter
mais dor de cabeça, você vai ter o seu tempo comprometido. Porque, no Centro Acadêmico, quem olha de
fora parece que não tem tanta coisa pra fazer mas sempre tem coisa pra fazer.
Acho que agrega muito conhecimento e experiência. Desde que estou na
presidência do CAJOR, você faz muitos contatos, com discussões muito
importantes do ensino. Só na sala de aula, você não consegue discutir certas
coisas, enquanto no Centro Acadêmico você consegue ter um momento de refletir
sobre isso, é meio que você tomar frente de algumas coisas que acontecem dentro
do curso. É muito legal poder representar os alunos nessas discussões. Mais
importante ainda ver o retorno. Consegui ver um retorno dos alunos,
reconhecimento. Vejo que só tem a agregar coisas positivas no meu currículo, na
minha vida acadêmica e posteriormente profissional. Só o CAJOR já é um momento
de participação mais ativa. Presidência é aquela coisa de liderança, apesar de
que no CAJOR todo mundo faz tudo. Mas acho que só tem coisas positivas para
agregar.
Correspondente:
Em
que área você pretende seguir após se formar?
NF:
É sempre uma incógnita depois que você sai do curso e o que vai fazer. Eu me
identifico muito com o jornalismo cultural e o jornalismo na TV. Vou tentar
nessas possibilidades e ver o que eu consigo.
Reporter:
Alessandra Delgobo