Dúvida ululante que pulula a vida brasileira
Uma névoa percorre na cidade - sutil e quase transparente. Não se sabe ao certo oque ela esconde, nem suas intenções. Só provoca suspeitas, alimentadas por umadegradante sensação de que algo esteja errado.
Wagner de Souza, estudante de história na UEPG, brandava para o homem centrodas atenções na câmara dos vereadores - governador Beto Richa, com seu sorriso decelebridade. Os companheiros do estudante abafavam qualquer homenagem ao homemcentro das atenções - celebridade sim, por ter atacado com bombas e tiros os professores.
Os gritos de revolta logo viraram aplausos quando a guarda municipal e a políciado palácio tiraram Wagner e seus companheiros de lá. Surpresa? Para quem autorizou oMassacre de 29 de Abril isto não é nada. E assim a cerimônia continua com toda sua.
O estudante mal saiu do recinto e se viu cercado por truculência. “Pressãopsicológica”, como descreveu o momento - boas palavras para se referir ao camburão.Sim. Ele foi preso por expressar seus sentimentos (lembra 1964?). A névoa se dissipoupara o rapaz, e ele conseguiu ver a realidade cristalina.
Para quem continua na mesma névoa as dúvidas fluem como a respiração: comocaminhar a passos livres com a visão encoberta? como questionar se mal sabemos com oque estamos lidando? Tantas certezas sem provas, tantos foros privilegiados. Os anos sepassam e parece que não aprendemos nada.
Crônica de Matheus Pileggi; confira nossa opinião sobre o caso